segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Se Existe Papai Noel?

Se Existe Papai Noel?
Mas é claro que existe! O natal vai ser uma beleza, todos os seres inocentes receberão seus merecidos presentes. E digo ainda mais, na verdade todos os contos de fada existem!
Esta semana, sem mentira nenhuma, passou pelo meu portão uma fada! Pois é, tinha nas mãos um monte de desejos e até me ofereceu alguns, mas, eu que sempre pensei que meus sonhos dependem de mim e de minhas decisões, disse que não. Sabe! Eu aprendi a duvidar do óbvio demais! Com certeza, já me acostumei a responder pelas minhas decisões, é incrível como elas me levam para o caminho mais difícil.
Olhem só! Todos os problemas de saúde resolvidos e anunciados no ar! Agora me diga se isso não é coisa de Peter Pan? Quem mais poderia ter o elixir da juventude e saúde eterna?
Os sete anões já estão prontos para o trabalho mineiro, cavarão no escuro, a não ser que a Branca de Neve lhes concedam uma lanterna, daquelas de mineiro mesmo, que mostre apenas onde cavar, pois ao mineiro o importante não é a luz, mas o ouro. E quando ela fechar os olhos eles vão velar seu silêncio, nunca o seu despertar.
Além disso, eu vi aquela fada madrinha da Cinderela, ela passou embelezando tudo, os caminhos esburacados, os mendigos da rua rapidamente se transformaram em cidadãos dignos, as crianças trombadinhas de rua reunidas nas esquinas ganharam bolsas e foram à escola.
Por fim, os Ratos viraram heróis para transportar a maior mentira de todos os tempos e...
E A ARAPONGAS CAIU COMO UM PATINHO!


Por LUCIANA LEOPOLDINO

sábado, 6 de agosto de 2016

VERDADE, CONSEQUÊNCIA OU DESAFIO



Todos os dias quando vou para meu trabalho aproveito para fazer uma caminhada, dizem que é necessário para se manter a saúde; como o percurso é curto faço a pé. Neste pequeno trecho de caminhada contorno um grande hospital, uma referência nacional em tratamento do câncer e do coração.
Logo que entro na calçada do hospital percebo três coisas que me chamam a atenção todos os dias, uma delas são as placas, indicando inovações e tecnologias de pesquisas avançadas, o que me enche de esperança quanto ao futuro; A segunda é a quantidade de ambulâncias das mais longínquas cidades do Brasil, me impressiona o quão grande sacrifício as pessoas fazem em busca da saúde; A terceira coisa que percebo, às vezes, de mais longe é a fumaça e o cheiro do cigarro das pessoas que acompanham pacientes, ou mesmo, pacientes na espera da consulta.
Num dia desses, logo que virei a esquina me deparei com uma mãe e um pai que choravam desesperadamente, diminui os passos na intenção de tentar ouvir, mesmo imaginando a causa, o porquê, do desespero. O pai mesmo chorando tentava em vão consolar a mãe que soltava meias palavras banhadas em lágrimas e interrompidas pelo desespero. No entanto, consegui compreender uma frase “Não acredito que perdi minha filhinha para o maldito câncer!”. Meu coração doeu, parei um instante na calçada e me compadeci daquela mãe. Então, percebi que o pai acendera um cigarro para aliviar a dor, em seguida, passou para a mãe que tragando com alívio, exclamou: Se fosse eu, entenderia! Pois fumei desde menina, mas minha filha tinha apenas quinze anos e nunca colocou um cigarro na boca!
As palavras daquela mãe ficaram em minha mente durante todo o dia; O grito de desespero ainda pode ouvir se fechar os olhos, mesmo assim, continuei meu caminho, refletindo sobre o quanto o ser humano está disposto a renunciar pelo bem dos outros e dele mesmo, e a pergunta que ficou: Será VERDADE, CONSEQUÊNCIA OU DESAFIO?


Por LUCIANA LEOPOLDINO


domingo, 15 de maio de 2016

INDIFERENÇA - Eu Sou Mulher

INDIFERENÇA
No início eu era assim, como uma flor em um jardim proibido. Ele olhava, ele cobiçava, ele desejava. Sentia prazer só em aproximar-se. Eu era seu amor.
Depois, me tornei algo dele, assim como um vaso que enfeita a casa, que traz alegria, que lhe enchia de orgulho em apresentar aos amigos; Ele fazia questão em convidá-los para que conhecessem a beleza do seu lar. Eu lhe causava admiração.
Com o passar do tempo a beleza foi-se embora; E me tornei como parte da casa como uma mobília que produz conforto e segurança; Ele ainda sentia orgulho em me apresentar para os amigos, não mais a minha presença, mas, somente minha utilidade, o bem que representava em sua vida. Eu tinha o seu respeito.
Agora, estou tão fixada em sua vida, que já não consigo me ver no singular. Sinto que faço parte da casa, sou assim como a porta por aonde se chega a um almoço quentinho e saboroso, por onde se inicia um passeio no domingo, por onde se consegue uma roupa limpinha e cheirosa. Eu sou necessidade diária.
Então, não entendi! O que é você?
Muito prazer eu sou MULHER!

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Crônica A MENINA DO SEMÁFORO

A Menina Do Semáforo
Durante certo tempo, todas as vezes que passava naquela rua, sempre parava no mesmo semáforo, eu não podia deixar de perceber uma menina, na verdade, uma indiazinha que ficava por ali, acompanhada de sua mãe e seus irmãos. Quando o sol estava favorável ficavam brincando no canteiro entre a avenida e quando o sol mirava o meio-dia se protegiam na calçada embaixo de uma árvore, cada vez que acendia a luz vermelha do sinal, jogava os pedaços das bonecas e corria para os carros, pedindo uns trocadinhos.
A mãe acompanhava de longe como quem ensina um ofício valoroso, afinal, estão ali para ganhar o pão de cada dia, pois em uma tribo indígena esta é a função da mulher e das crianças. Logo, pela manhã lá está ela, com os pés no chão, na maioria das vezes, de saia sem blusa, cabelos soltos, pois a cidade dá esta possibilidade, viver quase como se vivesse numa floresta. Assim pronta para o trabalho, sem esquecer o sorriso de agradecimento, quando seu pedido é atendido. Sempre que passava por ali, a cena era sempre a mesma.
Um dia, porém, percebi o sinal vazio, não tinha ninguém, a indiazinha havia sumido. Fui embora pensando naquele sorriso e o que poderia ter acontecido à aquela inocente criatura. No caminho imaginei as piores coisas, que algum ser sem alma poderia ter judiado, se aproveitado e matado a pobre menina, no entanto, pensei também, quem sabe alguma alma boa destas organizações que existem por aí, tenha resgatado a indiazinha e sua família e levado de volta para alguma floresta para uma vida mais digna.
Depois de alguns dias, passando pelo portão de uma escola pública notei uma menina se agarrando à roupa de sua mãe e chorava inconsoladamente, parei para ver o que estava acontecendo, grande foi minha surpresa quando vi que era a indiazinha, algumas pessoas tentavam convencê-la a entrar na escola, já estava de cabelo preso e uniforme, calça, camiseta e tênis, provavelmente, tudo doado pela boa alma da instituição. Porém, era inútil, ela esperneava e chorava, mesmo assim, acabou entrando quando alguém teve a brilhante ideia de que a mãe entrasse com ela. Tudo resolvido, entrei no carro e fui embora.
No caminho pensei, ainda bem que de tudo que pensei, o que aconteceu foi a melhor das opções, ela encontrou uma alma boa que a conduziu para à dignidade! Será? 
Um tempo depois, passando pela escola vi a menina saindo, simplesmente a menina do semáforo, porque a indiazinha, esta não existe mais.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Crônica A ESPERA

A Espera
Um dia desses, li uma notícia na internet sobre imigrantes haitianos no Brasil, a notícia dizia que “existem haitianos que estão sendo tratados como escravos no Brasil”. Confesso que não dei muita atenção à notícia e, simplesmente, rolei a página pensando que não me interessava uma notícia tão absurda, tão distante. Hoje, porém, retomo o assunto com indignação por meu próprio egoísmo, envergonhada por minha mesquinhez.
Ao sair à rua para algumas obrigações no centro da cidade, uma cena me chamou a atenção quando parei no sinal vermelho, dois rapazes de pele escura, mas tão escura que brilhava num tom azulado e, com isso, destacava o branco dos dentes e o largo sorriso, sentados na calçada conversavam animados como alguém que espera uma boa notícia. Pensei no que esperavam! Família? Amigos? Não! Pois, provavelmente, eram estrangeiros, pois, estavam alheios a tudo que se passava ao seu redor. De repente, um dos rapazes se levantou e, em seguida, o outro, com a intenção de alongar a coluna, pois, aparentemente, estavam sentados ali por horas, foi quando percebi uma mochila para cada um, então, cheguei a conclusão que esperavam algum empregador que, com certeza, viria buscá-los a qualquer momento.
Quando o sinal abriu fui aos meus afazeres e não pensei mais naquela cena. Horas se passaram, cumpri minhas obrigações; fiz uma parada para um café na lanchonete; passei numa loja para ver a atendente que, por certo, é minha parenta; demorei olhando algumas vitrines e só corri para o carro quando percebi uma chuva chegando que, acabou apenas em uma ventania. No caminho de volta, logo que virei a esquina percebi a mesma cena anterior, no entanto, minha parada foi frente aos dois, e continuavam a mesma conversa animada e alegre, mas, eu não compreendi nenhuma frase que diziam, com isso tive a certeza que eram estrangeiros.
Imaginei-me por um instante numa terra estranha, sem amigos à espera de uma promessa, por sabe Deus, quantas horas! Uma angústia apertou-me o peito, olhei para os jovens e me senti inútil, pois, não era capaz nem de compreender suas palavras, imagina ajudá-los! Nisso, nosso olhar se encontrou e pude perceber seu olhar triste e perdido, porém, cheio de esperança, só então, compreendi que o que esperavam não era família, não era amigos, não era o empregador, mas sim, uma pátria que os aceitassem como filhos.


Por Luciana Leopoldino

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

LIVRO



Esta é a capa completa, do meu segundo livro, que será lançado em breve pela Chiado Editora.
É mais um sonho, um presente que Deus me deu para zelar.

Com este livro desejo trazer uma discussão sobre as diferenças que nos cercam e a necessidade de aceitar o outro como ser único e insubstituível.
Já está disponível no site da Chiado Editora.



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