Todos os dias quando vou
para meu trabalho aproveito para fazer uma caminhada, dizem que é necessário
para se manter a saúde; como o percurso é curto faço a pé. Neste pequeno trecho
de caminhada contorno um grande hospital, uma referência nacional em tratamento
do câncer e do coração.
Logo que entro na calçada do
hospital percebo três coisas que me chamam a atenção todos os dias, uma delas
são as placas, indicando inovações e tecnologias de pesquisas avançadas, o que
me enche de esperança quanto ao futuro; A segunda é a quantidade de ambulâncias
das mais longínquas cidades do Brasil, me impressiona o quão grande sacrifício
as pessoas fazem em busca da saúde; A terceira coisa que percebo, às vezes, de
mais longe é a fumaça e o cheiro do cigarro das pessoas que acompanham
pacientes, ou mesmo, pacientes na espera da consulta.
Num dia desses, logo que
virei a esquina me deparei com uma mãe e um pai que choravam desesperadamente,
diminui os passos na intenção de tentar ouvir, mesmo imaginando a causa, o
porquê, do desespero. O pai mesmo chorando tentava em vão consolar a mãe que
soltava meias palavras banhadas em lágrimas e interrompidas pelo desespero. No
entanto, consegui compreender uma frase “Não acredito que perdi minha filhinha
para o maldito câncer!”. Meu coração doeu, parei um instante na calçada e me compadeci
daquela mãe. Então, percebi que o pai acendera um cigarro para aliviar a dor,
em seguida, passou para a mãe que tragando com alívio, exclamou: Se fosse eu,
entenderia! Pois fumei desde menina, mas minha filha tinha apenas quinze anos e
nunca colocou um cigarro na boca!
As palavras daquela mãe ficaram
em minha mente durante todo o dia; O grito de desespero ainda pode ouvir se
fechar os olhos, mesmo assim, continuei meu caminho, refletindo sobre o quanto
o ser humano está disposto a renunciar pelo bem dos outros e dele mesmo, e a
pergunta que ficou: Será VERDADE, CONSEQUÊNCIA OU DESAFIO?
Por LUCIANA
LEOPOLDINO
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