terça-feira, 29 de julho de 2014

Crônica O Limite Do Amor De Pai

O LIMITE DO AMOR DE PAI

Um dia deste, me chamou a atenção certa conversa ao meu lado, uma voz angustiada, de alguém que reencontrara grandes amigos, mas não tinha comemorações, pelo contrário, o tom da voz denunciava grande tristeza.
O homem muito bem vestido trazia no rosto marcas que denunciavam sua idade, que provavelmente, passava dos quarenta anos. Ele falava com o amigo, com tanta amargura e desespero que quase sempre atropelava os assuntos. De repente o amigo parou de falar sobre trabalho e lhe perguntou sobre sua esposa, tive a impressão que ele esperava aquela pergunta, já com a resposta pronta e despejou sua intimidade sobre o amigo ali mesmo na fila da agência bancária.
Ele disse que a mulher o abandonara por outro, um companheiro de trabalho dela; Mas segundo ele o que o intrigava não era a traição e sim não conseguir um motivo como se isso fosse uma justificativa ou uma porta aberta ao passado.
Na verdade, o que me impressionou não foi à atitude daquele homem, nem seu sofrimento, mas às palavras que vieram logo depois, quando o amigo lhe perguntou se ele tinha filhos com esta mulher e a resposta saiu como um desabafo: Sim, eu tinha um filho, ficou com a mãe; Como se o filho não fosse mais filho, somente porque a mulher não é mais a esposa.
Fiquei perplexa com estas palavras, pois muitas vezes já ouvi pais dizerem que tem filhos falecidos, que mesmo a morte não destrói este laço entre um pai e um filho; No entanto eu acabara de presenciar um laço desfeito simplesmente por uma relação mal sucedida.

Enfim, pensei então em qual seria o limite do amor de um pai; A quantidade de amor recebida, ou a quantidade por ele desejada? Será que oferece muito, quem muito recebeu, ou oferece muito, quem muito desejou?

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Casamento de um só

Auxiliados pelo amor o casal se une para lutarem juntos pelos filhos e um pelo outro, a fim de, si tornar cada dia melhor para Deus.
 Eu aprendi com meus pais que casamento é pra ser construído dia-a-dia, com interesses em comum de formar uma família, de ambos se ampararem na velhice, na doença, nos sofrimentos eventuais. No entanto, a cada dia, vejo com maior frequência casamentos que são de um só, que dure enquanto eu for feliz; que dure enquanto valer a pena para mim, para mim, para mim e para mim...
Estes casamentos fazem as pessoas muito felizes, e é tão simples que basta um tomar a decisão e começa e termina sem nenhuma dificuldade, mas para um só.
A vida de casado neste tipo de casamento funciona assim:
Eu sou feliz, e você?  Não sei!
Eu sujo e você limpa!
Eu bagunço e você organiza !
Eu compro e você paga!
Eu me divirto e você espera!
Eu realizo e você sonha!
Eu vivo e você? Morre!
Um pouco a cada dia si morre pelo outro;
E eu, sou eu, sou eu, só eu, só, só...
Sozinho não se constrói família, não se tem casamento, ninguém se torna melhor.
Às vezes me pego a pensar no que se pensa uma pessoa tão egoísta que não consegue dividir com ninguém, um presente precioso que recebeu gratuitamente de Deus e que está sobre sua responsabilidade temporariamente, que é sua vida; Muitas vezes provavelmente, é porque o casamento foi de um só, e ninguém quer se entregar a uma situação que leve a morte, pois, dela somos inimigos, nascemos pra crescer e viver.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Enquanto Permaneceu o Perfume...

Ao sair à rua notei ao longe, vindo em minha direção uma exuberante mulher talvez pelo seu lindo vestido de renda, na cor rosa choque, cobria-lhe os joelhos com um decote discreto e a meia manga deixava espaço ao realce das lindas pulseiras douradas; O cinto discreto em harmonia com a maravilhosa bolsa verde esmeralda e detalhes dourados.
O chinelo branco mais parecia uma obra de arte, combinando as lindas rosas de pedras com as unhas muito bem esmaltadas, o anel apenas para amparar a aliança, demonstrava elegância às mãos marcadas pelo tempo.
O sorriso era um capítulo a parte, sincero, acolhedor, impossível não retribuí-lo, me transmitia uma sintonia que parecia me conhecer a alma; Talvez seja ele o responsável por eu não mais esquecer aquele rosto.
Os cabelos brilhavam ao sol como uma pluma de algodão; Eram curtos, provavelmente, pela praticidade em seu dia-a-dia.
Com uma maquiagem feita por quem entende, para o dia, para realçar a beleza de uma mulher, sem cobrir ou esconder os sinais da idade, pois não havia nenhuma necessidade;
Caminhava sozinha pela rua, com passos firmes. Tive a impressão que era a primeira vez que saía sozinha à rua, parecia uma criança se divertindo, olhando tudo, admirando as vitrines e as pessoas.
Ao se aproximar me cumprimentou com um sorriso ainda mais aconchegante, um olhar de gente feliz e passou por mim, foi adiante, no entanto ficou seu perfume, parecia perfume de flor, sem nenhum exagero.
Fiquei ali por alguns instantes, enquanto permaneceu o perfume; Ao vê-la indo embora, pensei “lá se vai uma linda e maravilhosa mulher nos seus setenta anos de idade...” 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Adolescência a Flor Da Pele


O casal parecia muito feliz, ambos com um sorriso largo, notável à distância, tanto a cumplicidade, quanto a insegurança visível, denunciava a pouca intimidade com a agência bancária, o olhar curioso de adolescentes descobrindo novidades.
Mas, eles tinham um bebê!
A jovem menina de cabelos longos vestia calça de malha e camiseta, certamente, hábito de colegial acostumada ao conforto dos uniformes; Nos pés uma rasteirinha de pedraria; O rosto sem maquiagem alguma, provavelmente, por não sentir necessidade, na verdade o que chamava a atenção era os cabelos exageradamente longos, próprios de adolescentes com tempo disponível para si mesma.
Mas, ela tinha um bebê!
O rapaz; ainda um menino, percebia-se pelos primeiros fios de barba em seu rosto, a calça mostrando o elástico da cueca com a barra sobrando sobre o tênis colorido, o boné com a aba para trás, celular de último lançamento, mostrava adolescência a flor da pele.
Mas, ele tinha um bebê!
A menina com a criança no colo se preocupava mais com o companheiro que com a criança em seu colo, na verdade a criança parecia mais um adorno, como uma bolsa ou algo assim; não trazia bolsa, nas mãos apenas a toalhinha e o bebê. Já o menino todo perdido frente ao coletor de metais da agência bancária depositando ali a carteira e não o celular, também não trazia chaves, nem de carro, nem de casa.
Mas, eles tinham um bebê!
Olhando para aquela cena fiquei pensando...
Dois adolescentes descobrindo o mundo com um bebê de colo para amar, educar, sustentar...
Com um bebê de colo... Até quando? De colo!...


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