O LIMITE DO AMOR DE PAI
Um
dia deste, me chamou a atenção certa conversa ao meu lado, uma voz angustiada,
de alguém que reencontrara grandes amigos, mas não tinha comemorações, pelo
contrário, o tom da voz denunciava grande tristeza.
O
homem muito bem vestido trazia no rosto marcas que denunciavam sua idade, que provavelmente,
passava dos quarenta anos. Ele falava com o amigo, com tanta amargura e
desespero que quase sempre atropelava os assuntos. De repente o amigo parou de
falar sobre trabalho e lhe perguntou sobre sua esposa, tive a impressão que ele
esperava aquela pergunta, já com a resposta pronta e despejou sua intimidade
sobre o amigo ali mesmo na fila da agência bancária.
Ele
disse que a mulher o abandonara por outro, um companheiro de trabalho dela; Mas
segundo ele o que o intrigava não era a traição e sim não conseguir um motivo como
se isso fosse uma justificativa ou uma porta aberta ao passado.
Na
verdade, o que me impressionou não foi à atitude daquele homem, nem seu
sofrimento, mas às palavras que vieram logo depois, quando o amigo lhe
perguntou se ele tinha filhos com esta mulher e a resposta saiu como um
desabafo: Sim, eu tinha um filho, ficou
com a mãe; Como se o filho não fosse mais filho, somente porque a mulher
não é mais a esposa.
Fiquei
perplexa com estas palavras, pois muitas vezes já ouvi pais dizerem que tem filhos falecidos, que mesmo a morte
não destrói este laço entre um pai e um filho; No entanto eu acabara de presenciar
um laço desfeito simplesmente por uma relação mal sucedida.
Enfim,
pensei então em qual seria o limite do amor de um pai; A quantidade de amor
recebida, ou a quantidade por ele desejada? Será que oferece muito, quem muito
recebeu, ou oferece muito, quem muito desejou?
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