terça-feira, 15 de julho de 2014

Enquanto Permaneceu o Perfume...

Ao sair à rua notei ao longe, vindo em minha direção uma exuberante mulher talvez pelo seu lindo vestido de renda, na cor rosa choque, cobria-lhe os joelhos com um decote discreto e a meia manga deixava espaço ao realce das lindas pulseiras douradas; O cinto discreto em harmonia com a maravilhosa bolsa verde esmeralda e detalhes dourados.
O chinelo branco mais parecia uma obra de arte, combinando as lindas rosas de pedras com as unhas muito bem esmaltadas, o anel apenas para amparar a aliança, demonstrava elegância às mãos marcadas pelo tempo.
O sorriso era um capítulo a parte, sincero, acolhedor, impossível não retribuí-lo, me transmitia uma sintonia que parecia me conhecer a alma; Talvez seja ele o responsável por eu não mais esquecer aquele rosto.
Os cabelos brilhavam ao sol como uma pluma de algodão; Eram curtos, provavelmente, pela praticidade em seu dia-a-dia.
Com uma maquiagem feita por quem entende, para o dia, para realçar a beleza de uma mulher, sem cobrir ou esconder os sinais da idade, pois não havia nenhuma necessidade;
Caminhava sozinha pela rua, com passos firmes. Tive a impressão que era a primeira vez que saía sozinha à rua, parecia uma criança se divertindo, olhando tudo, admirando as vitrines e as pessoas.
Ao se aproximar me cumprimentou com um sorriso ainda mais aconchegante, um olhar de gente feliz e passou por mim, foi adiante, no entanto ficou seu perfume, parecia perfume de flor, sem nenhum exagero.
Fiquei ali por alguns instantes, enquanto permaneceu o perfume; Ao vê-la indo embora, pensei “lá se vai uma linda e maravilhosa mulher nos seus setenta anos de idade...” 

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