O
OBJETO
Era um moço bem aperfeiçoado,
muito bem vestido, mas permanecia de cabeça baixa há muito tempo. Tinha os
olhos fixos em um objeto em suas mãos, às vezes sorria para ele e isso me
intrigava. Com o andar da fila, à medida que fui me aproximando percebi que
realmente, era um objeto muito bonito, todo espelhado, mas não conseguia
entender o porquê de tanta atenção com um simples objeto.
O jovem muito atraente nem
percebia que a bela jovem que estava atrás dele, o olhava continuamente, com um
olhar de grande admiração, talvez por sua bela aparência; já do outro lado um
jovem admirava o objeto de suas mãos; este também parecia fascinado naquele
mesmo objeto.
Enquanto as pessoas
caminhavam o jovem fissurado naquele objeto, acompanhava quase que mecanicamente,
Pois nem percebia o mundo a sua volta; A linda mulher de meia idade muito bem
vestida e maquiada que havia perdido muito tempo combinando as roupas e a
maquiagem, afim de não passar despercebida; o moço de shorts e camiseta que
suava sem parar e reclamava da demora no atendimento; a jovem que trazia em
cada unha uma obra de arte; a pobre senhora com o uniforme da empresa e
aparência cansada, cabelo desgrenhado, ansiosa com o relógio, provavelmente em
horário de almoço; as vizinhas que trocavam idéias interessantes e eu que o
olhava e não acreditava que este moço poderia ter um objeto que fosse mais
interessante que tudo isto.
Finalmente, quando fiquei do
seu lado pude entender o motivo de tanta fascinação. Naquele objeto ele tinha
amigos, ou não! Tinha pessoas maravilhosas para conversar, ou não! Tinha tudo o
que queria, ou não! Para mim era apenas um objeto, para o moço uma janela para
o mundo.
Por Luciana
Leopoldino